DESPEJO EM GRAMAME APÓS DENÚNCIAS NA CONFERÊNCIA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Na manhã desta sexta-feira (09), moradores e ativistas ambientais da comunidade de Gramame, na Zona Sul de João Pessoa, foram surpreendidos por uma operação de desocupação envolvendo diversas viaturas da Polícia Militar da Paraíba. A ação retirou famílias e desativou a sede do coletivo Nosso Lugar, grupo que atua com projetos de moradia digna e revitalização ambiental no território.
A desocupação ocorre apenas um dia após as denúncias feitas pela ativista Manu Correia durante a Conferência Nacional do Meio Ambiente, em Brasília. Na ocasião, ela alertou sobre o avanço da especulação imobiliária na região e o abandono por parte da gestão municipal das políticas de regularização fundiária e proteção ambiental nas periferias da capital.
A Sede do coletivo Nosso Lugar e moradias de famílias foram desocupadas sob forte aparato policial; movimentos denunciam ação para favorecer especulação imobiliária. “Enquanto os ricos acumulam mais de 841 lotes na Barra de Gramame, famílias que constroem um projeto coletivo e sustentável para o território são removidas com repressão. É uma injustiça”, denuncia um dos representantes do coletivo Nosso Lugar.
Segundo os ativistas, a gestão tem favorecido interesses privados ao invés de desapropriar terrenos ociosos e destinar o espaço à moradia popular e requalificação ambiental. A região é alvo constante de empreendimentos imobiliários, que avançam sobre áreas de proteção permanente com pouca ou nenhuma fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Movimentos de luta por moradia, como o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), estão no local para acompanhar a ação e prestar solidariedade às famílias removidas. O MLB também divulgou um vídeo denunciando a remoção, reforçando a crítica ao tratamento desigual que comunidades periféricas recebem do poder público.
Para os moradores e ativistas, o despejo representa um duro golpe na luta pelo direito à cidade, à moradia e à preservação ambiental, e reforça a necessidade de políticas públicas que priorizem a população que vive e constrói o território, em vez de favorecer o lucro de poucos.

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